O essencial
Tudo está a fechar e bem. Apenas temos aberto o que é estritamente essencial.
Penso nas livrarias que já são poucas, antes da actual crise. Será que quando este vírus deixar de nos atormentar e quando for preciso colar todos os cacos e erguer de novo este país e a sua tão frágil economia, as livrarias, os livreiros e os livros serão considerados essenciais ou passarão à categoria do dispensável, do acessório, do que pode ficar para depois? Sabendo que em tempo de "normalidade" dificilmente as pequenas livrarias resistiam, afogadas no gigantismo excludente das grandes editoras e distribuidoras, como pensar na sobrevivência das pequenas, das independentes, das que acarinham autores e escritores que não estão debaixo dos holofotes da publicidade e do marketing? Hoje, na sempre excelente crónica matinal de Fernando Alves, retive a imagem dos livros que se vendem ao postigo mesmo quando o isolamento social impede a aproximação e o contacto directo entre quem ama os livros e os livreiros e a ideia de que "ler é uma emergência dentro do estado de emergência".
Em fundo musical "Os livros" de Caetano Veloso.