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Lendo e escrevendo

Lendo e escrevendo

A Vida Mágica da Sementinha

30.12.22, Almerinda

A Sementinha

É a última sexta-feira do ano. Começo o dia a escrever os postais de Boas Festas, para assim poder riscar uma das tarefas da minha lista de coisas a fazer, antes que 2022 chegue ao fim. A aguarela que a Manuela Rosa fez para os postais deste ano é tão inspiradora e vou buscar também uma frase inspiradora de José Tolentino de Mendonça numa das suas crónicas no «Expresso» com o título “Milagres de todos os dias”. Não posso limitar-me a colocar os envelopes no marco mais próximo, porque não tenho selos suficientes e, por isso, sou obrigada a ir aos Correios. A fila não é longa, não trouxe na mala o livro da Nélida Piñon que ando a ler e os meus olhos caem naquele que penso ser o último livro de João Tordo “Cem Anos de Perdão” Não são de solidão, são de perdão. Decido começar a lê-lo, enquanto não chamam pelo meu número e, tal como me aconteceu com “As Três Vidas”, este é outro daqueles livros deste autor que agarra o leitor logo na primeira página. Levo, não levo? É melhor não. Além de muito caro, a pilha de livros à minha espera lá em casa obriga-me a voltar a colocar o livro na estante dos Correios. Pode ser que alguém o leve.

A simpatia da funcionária, que conheço há muitos anos, é o antídoto para tantas vezes que somos atendidos com má cara. Neste caso, não me parece que a simpatia seja causada pela época festiva em que todas as pessoas se cumprimentam e desejam festas felizes.

Saio e passo por alguém que vai entrar no edifício e me chama.

- Ó professora… foi minha professora. Está tão bem!

 São sempre momentos em que a minha timidez vem ao de cima.

- A sério? Foi na Paulo da Gama? Há quantos anos? Não me lembro da tua cara. Foram tantos, tantas e vocês transformaram-se.

- Lembro-me bem de si. Foi minha professora de Português no 5º e 6º anos. (…) Vou dizer à minha mãe para se inscrever na UNISSEIXAL. Pode ser que ela venha a ser sua aluna. Ah, e ainda lá tenho a Sementinha… 

Nem todas as profissões têm este condão de nos rejuvenescer, de nos recordar os tempos felizes e estes encontros ajudam-nos a não esquecer como os professores são importantes na vida dos jovens e das crianças.

Volto à frase inicial de José Tolentino de Mendonça que escolhi para as minhas mensagens de Natal e Bom Ano Novo: “Não há dia nenhum em que não sejamos visitados por um anjo.”

30 de Dezembro de 2022

 

 

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